terça-feira, 22 de setembro de 2020

Ninho do Urubu

 

Ninho de sonhos,
Ninho de craques,
A casa do mais querido.
Alguns sonhos realizados,
Muitos deles interrompidos,
Sobretudo por uma peneira impiedosa.
Dez, contudo, por uma tragédia horrorosa.

Um ano de grandes conquistas
Começou extremamente mal.
Jovens promessas futebolísticas
Entraram para as terríveis estatísticas
de mortes devidas a acidentes evitáveis.
Athila, Arthur, Christian, Bernardo, Jorge,
Gedson, Rykelmo, Pablo, Vitor e Samuel.
Talvez eles estejam jogando bola no céu.
Embora seja uma imagem reconfortante,
O que importa agora é acalentar seus pais
E resolver as pendências o quanto antes.

Famílias devastadas por suas perdas.
Diretoria elitista carente de empatia,
Priorizando dinheiro em vez de afeto.
Rivais com comportamento abjeto,
aproveitando-se da desgraça alheia.

A maior e melhor torcida do mundo
Compadecida as crias homenageia
E cobra por atitudes à altura do clube,
Bem como a reparação merecida
Pelas famílias deveras sofridas.

O Ninho do Urubu ardeu em chamas.
Futebolistas partiram precocemente.
Mas persistem as chamas da esperança,
Que muitas vezes é o que resta
Nas vidas de milhares de crianças.

Muitos filhotes ainda serão criados
E viverão momentos de alegria e festa
Com segurança adequada, espera-se.
Sabemos que poucos serão consagrados
Mas todos devem ser protegidos e educados.


(poema "Ninho do Urubu", de Alexandre Carvalho, 
em POEMAS NADA ROMÂNTICOS - Volume 1, 2020)


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Verão que eu não gostava


O verão carioca
É sinônimo de sol,
tempo quente, praia.
Mas todo dia,
Pela chuva eu torcia.
Queria o dia inteiro nublado.

Como era bom não enxergar
As pás do ventilador
Bem à minha frente.
Em dia ensolarado,
O quente era ainda mais quente
E requentava meu amor incondicional
Pelo aparelho de ar condicionado.


(trecho do poema "Verão que eu não gostava", de Alexandre Carvalho,
em POEMAS NADA ROMÂNTICOS - Volume 2, 2021)